domingo, 18 de agosto de 2013

Rizoma e Teoria-ator-rede


O rizoma foi utilizado por Gilles Deleuze e Félix Guattari como modelo epistemológico e descritivo (Rhizome, 1976) – um de seus “mil platôs”. Assim, escrevem Deleuze e Guattari: “Contra os sistemas centrados (e mesmo policentrados), de comunicação hierárquica e ligações preestabelecidas, o rizoma é um sistema a-centrado não hierárquico e não significante, sem General, sem memória organizadora ou autômato central, unicamente definido por uma circulação de estados.”

A condição deste tipo de sistema é a complexidade, em que não há um decalque, uma cópia de uma ordem central, mas sim múltiplas conexões que são estabelecidas e restabelecidas a todo o momento, num fluxo constante de desterritorialização e reterritorialização, compondo “redes de autômatos finitos, nos quais a comunicação se faz de um vizinho a um vizinho qualquer, onde as hastes ou canais não preexistem, nos quais os indivíduos são todos
intercambiáveis, se definem somente por um estado a tal momento, de tal maneira que as operações locais se coordenam e o resultado final global se sincroniza independente de uma instância central.” Uma estrutura do tipo rizoma privilegia os meios, os intervalos, as ervas daninhas que crescem entre as plantações tão cartesianamente (e anti-ecologicamente) organizadas. “Um rizoma não começa nem conclui, ele se encontra sempre no meio, entre as coisas, inter-ser, intermezzo.”


Em Mil platôs, Gilles Deleuze (cap. 1,1995) afirma que o livro segue uma lógica rizomática de
relação com o mundo e com os aspectos exteriores ao seu conteúdo. Há livros originais que serviram de ponto de partida para a existência de outros livros e de outras histórias, mas essa visão da literatura está superada: há, sobretudo, a produção literária que não se conecta a uma matriz e, sim, a uma rede complexa e heterogênea. 
Essa rede estabelece conexões caracterizadas pela multiplicidade, pelas linhas que tomam rumos diversos, que se rompem e se restabelecem em um plano no qual já não se é capaz de identificar um pivô genealógico, mas até entre diferentes naturezas.

"O rizoma conecta um ponto qualquer com outro ponto qualquer e cada um de seus traços não remete necessariamente a traços de mesma natureza; (...)
Ele não é feito de unidades, mas de dimensões, ou antes de direções movediças. 
Ele não tem começo nem fim, mas sempre um meio pelo qual ele cresce e transborda. (...) O rizoma procede por variação, expansão, conquista, captura, picada. (DELEUZE, 1995, p. 32"

A lógica do rizoma proposta por Deleuze permite estabelecer relações com o conceito de hipertexto (LÉVY, 1996), quando este alude a um espaço de informação virtual no qual há uma rede que conecta a idéia exposta a outros links, a outros textos, outras visões e possibilidades.
A fim de conceitualizar hipertexto, Pierre Lévy (1996) traça paralelos entre esse fenômeno e o trabalho da leitura, que consiste em um esforço de “rasgar, de amarrotar, de torcer, de recosturar o texto para abrir um meio vivo no qual possa se desdobrar o sentido” (p. 36).
Assim, afirma que esse sentido é construído durante o percurso da leitura e do contato com o texto. 
Nesse contato, a relação com outros textos e o ato de ativar a gama de percepções possíveis é o que acaba constituindo o leitor e o ato da leitura.

Fonte de pesquisa: LÉVY, Pierre. O que é o virtual? São Paulo: Editora 34, 1996.
Zuil voustag

quinta-feira, 1 de agosto de 2013

Agenda Setting




é "... um tipo de efeito social da mídia. É a hipótese segundo a qual a mídia, pela seleção, disposição e incidência de suas notícias, vem determinar os temas sobre os quais o público falará e discutirá" (Barros Filho, 2001, p. 169). A essência do conceito não está muito longe da realidade, pois se tem, constantemente uma enxurrada de informações que são selecionadas e dispostas de maneira que algumas notícias recebem uma ênfase maior, como é o caso das notícias que aparecem na capa dos jornais, revistas, telejornais.

Ivy Lee




A história da atuação de Ivy Lee, como profissional de Relações Públicas, está voltada para as grandes empresas e para os mais proeminentes magnatas daquele período. O período compreendido entre 1903 a 1914 foi marcado, nos EUA, por uma intensa campanha contra o big business americano. Nesta fase surgem em cena os muckrakers[1] (exploradores de escândalos) que através de reportagens e artigos em pequenos opúsculos, revistas e jornais, denunciam a corrupção existente tanto no âmbito governamental como no privado.


[1] A mesma denominação é válida, de uma forma genérica, para revistas de forte apelo político, muito afeitas a polêmicas, que tinham como objetivo defender os interesses do operariado norte-americano daquela época.

Outro importante feito de Lee foi, em 1906, atuar na George F. Baer & Associates, tendo desempenhado um papel muito importante durante uma crise  originada a partir de uma greve ocorrida numa indústria de carvão. Nessa ocasião, Ivy Lee inaugurou a etapa das Relações Públicas baseadas na máxima de que “o público deve ser informado”, um verdadeiro paradigma da atividade de RP, baseado na sua “Declaração de Princípios”, que determina o seguinte:


Este não é um Departamento de Imprensa secreto. Todo nosso trabalho é feito às claras. Pretendemos divulgar notícias, e não distribuir anúncios. Se acharem que o nosso assunto ficaria melhor como matéria paga, não o publiquem. Nossa informação é exata. Maiores pormenores sobre qualquer questão serão dados prontamente e qualquer redator interessado será auxiliado, com o máximo prazer, na verificação direta de qualquer declaração de fato. Em resumo, nossos planos, com absoluta franqueza, para o bem das empresas e das instituições públicas, é divulgar à imprensa e ao público dos Estados Unidos, pronta e exatamente informações relativas a assuntos com valor e interesse para o público[1].


[1] GURGEL, Op. cit. p. 12.


Em 1909 Ivy Lee tornou-se o responsável pelo setor de “divulgação e propaganda” da Pennsylvannia Railroad, empresa onde permaneceu até 1914.