O rizoma foi utilizado por Gilles Deleuze e Félix Guattari como modelo epistemológico e descritivo (Rhizome, 1976) – um de seus “mil platôs”. Assim, escrevem Deleuze e Guattari: “Contra os sistemas centrados (e mesmo policentrados), de comunicação hierárquica e ligações preestabelecidas, o rizoma é um sistema a-centrado não hierárquico e não significante, sem General, sem memória organizadora ou autômato central, unicamente definido por uma circulação de estados.”
A condição deste tipo de sistema é a complexidade, em que não há um decalque, uma cópia de uma ordem central, mas sim múltiplas conexões que são estabelecidas e restabelecidas a todo o momento, num fluxo constante de desterritorialização e reterritorialização, compondo “redes de autômatos finitos, nos quais a comunicação se faz de um vizinho a um vizinho qualquer, onde as hastes ou canais não preexistem, nos quais os indivíduos são todos
intercambiáveis, se definem somente por um estado a tal momento, de tal maneira que as operações locais se coordenam e o resultado final global se sincroniza independente de uma instância central.” Uma estrutura do tipo rizoma privilegia os meios, os intervalos, as ervas daninhas que crescem entre as plantações tão cartesianamente (e anti-ecologicamente) organizadas. “Um rizoma não começa nem conclui, ele se encontra sempre no meio, entre as coisas, inter-ser, intermezzo.”
intercambiáveis, se definem somente por um estado a tal momento, de tal maneira que as operações locais se coordenam e o resultado final global se sincroniza independente de uma instância central.” Uma estrutura do tipo rizoma privilegia os meios, os intervalos, as ervas daninhas que crescem entre as plantações tão cartesianamente (e anti-ecologicamente) organizadas. “Um rizoma não começa nem conclui, ele se encontra sempre no meio, entre as coisas, inter-ser, intermezzo.”
Em Mil platôs, Gilles Deleuze (cap. 1,1995) afirma que o livro segue uma lógica rizomática de
relação com o mundo e com os aspectos exteriores ao seu conteúdo. Há livros originais que serviram de ponto de partida para a existência de outros livros e de outras histórias, mas essa visão da literatura está superada: há, sobretudo, a produção literária que não se conecta a uma matriz e, sim, a uma rede complexa e heterogênea.
relação com o mundo e com os aspectos exteriores ao seu conteúdo. Há livros originais que serviram de ponto de partida para a existência de outros livros e de outras histórias, mas essa visão da literatura está superada: há, sobretudo, a produção literária que não se conecta a uma matriz e, sim, a uma rede complexa e heterogênea.
Essa rede estabelece conexões caracterizadas pela multiplicidade, pelas linhas que tomam rumos diversos, que se rompem e se restabelecem em um plano no qual já não se é capaz de identificar um pivô genealógico, mas até entre diferentes naturezas.
"O rizoma conecta um ponto qualquer com outro ponto qualquer e cada um de seus traços não remete necessariamente a traços de mesma natureza; (...)
Ele não é feito de unidades, mas de dimensões, ou antes de direções movediças.
Ele não é feito de unidades, mas de dimensões, ou antes de direções movediças.
Ele não tem começo nem fim, mas sempre um meio pelo qual ele cresce e transborda. (...) O rizoma procede por variação, expansão, conquista, captura, picada. (DELEUZE, 1995, p. 32"
A lógica do rizoma proposta por Deleuze permite estabelecer relações com o conceito de hipertexto (LÉVY, 1996), quando este alude a um espaço de informação virtual no qual há uma rede que conecta a idéia exposta a outros links, a outros textos, outras visões e possibilidades.
A fim de conceitualizar hipertexto, Pierre Lévy (1996) traça paralelos entre esse fenômeno e o trabalho da leitura, que consiste em um esforço de “rasgar, de amarrotar, de torcer, de recosturar o texto para abrir um meio vivo no qual possa se desdobrar o sentido” (p. 36).
Assim, afirma que esse sentido é construído durante o percurso da leitura e do contato com o texto.
A fim de conceitualizar hipertexto, Pierre Lévy (1996) traça paralelos entre esse fenômeno e o trabalho da leitura, que consiste em um esforço de “rasgar, de amarrotar, de torcer, de recosturar o texto para abrir um meio vivo no qual possa se desdobrar o sentido” (p. 36).
Assim, afirma que esse sentido é construído durante o percurso da leitura e do contato com o texto.
Nesse contato, a relação com outros textos e o ato de ativar a gama de percepções possíveis é o que acaba constituindo o leitor e o ato da leitura.
Zuil voustag